Projeto “EntreMundos” se encerra com literatura contemporânea da França e dos Estados Unidos

Publicado em 02/12/11 pelo portal BemParaná
Texto: Redação Bem Paraná
Foto: Divulgação

O evento acontece quarta-feira, 07 de dezembro, na Caixa Cultural

 O encarregado pela direção da última leitura da temporada é o curador do projeto, Flávio Stein 

O francês Jean Genet e o norte-americano Alan Lightman terão trechos de seus livros lidos, na Caixa Cultural, dia 07 de dezembro. As obras dos dois autores encerram o projeto “EntreMundos – Mundo da Leitura, Leitura do Mundo”, que chegou a sua décima edição em 2011.

O encarregado pela direção da última leitura da temporada é o curador do projeto, Flávio Stein. Para o encerramento, Stein escolheu os livros “A Criança Criminosa”, de Jean Genet, e “Sonhos de Einstein”, de Alan Lightman, que serão lidos por ele e pelo ator Mauro Zanatta.

A ideia não é encenar ou fazer uma leitura dramática das obras, mas sim vocalizar as palavras que os autores imprimiram em suas páginas, transformando a leitura, que costuma ser um hábito individual, em uma experiência coletiva.

“Os universos temáticos de cada um dos autores são muito diferentes. Enquanto Genet fala sobre os que estão à margem da sociedade: homossexuais, criminosos, entre outros, e questiona os limites entre as dualidades bem e mal, certo e errado, Lightman fala das pessoas comuns: o sapateiro, o rapaz que trabalha na farmácia, uma bibliotecária etc. Colocando em xeque o que o senso-comum acredita ser uma boa vida e o que dá sentido a ela”, explica Stein.

As leituras serão acompanhadas por um fundo sonoro, utilizado para completar a narrativa. Nesta edição, o músico Marcelo Torrone vai tocar teclado, ajudando a criar uma atmosfera sonora para as palavras.

A professora do Departamento de Letras da UFPR, Sandra Stroparo, será a mediadora do debate entre o público e a equipe do projeto, num bate-papo sobre os autores escolhidos, suas obras, a leitura e a trilha sonora da edição.

Depois dos projetos “Brasis: Leituras Plurais” e “XX Narrativas do Século XX”, realizados em 2009 e 2010, que focavam na literatura de um determinado período ou de um espaço, “EntreMundos - Mundo da Leitura, Leitura do Mundo” busca colocar em diálogo obras e autores através do tempo, tendo a narrativa como fio-condutor.

Lygia Fagundes Telles e Tchekhov na CAIXA Cultural

Publicado em 05/11/11 pelo portal CWB
Texto: Jean Tossin



Chegando a sua 9ª edição em 2011, o projeto “EntreMundos – Mundo da Leitura, Leitura do Mundo” vai levar ao palco dois escritores de enorme repercussão: a brasileira Lygia Fagundes Telles e o russo Anton Tchekhov. Os autores terão trechos de suas obras lidos no dia 9 de novembro, quarta-feira, na CAIXA Cultural.

Uma das principais escritoras contemporâneas brasileiras, Lygia Fagundes Telles será representada pelo livro “Invenção e Memória”, lançado em 2000 e vencedor do Prêmio Jabuti. De Tchekhov, apontado como um dos mestres do conto moderno, será lido um trecho de uma das suas obras mais importantes: “A Dama do Cachorrinho e Outras Histórias” – o conto que dá nome ao livro foi publicado originalmente em 1899.

Os atores Luiz Bertazzo e Ciliane Vendruscolo serão os responsáveis por vocalizar as palavras dos autores sob a direção de Suely Araújo. “É incrível ir da Rússia para São Paulo e Rio de Janeiro. O universo da Lygia é uma voz feminina que mostra o mundo e suas ambiguidades. E aí você vai para a Rússia, com o seu conservadorismo, mas com o olhar sagaz e psicológico do Tchekhov. É um privilégio transitar entre o passado e o presente com esses dois autores importantes que apresentam personagens e facetas de uma forma tão especial”, explica Suely.

Como de praxe no projeto, as leituras são acompanhadas por um fundo sonoro, utilizado para completar a narrativa. Nesta edição, o músico Ary Giordani vai tocar teclado e acordeon, criando uma atmosfera sonora para as palavras. O jornalista e tradutor Christian Shwartz será o mediador do debate entre o público e a equipe do projeto, num bate-papo sobre os autores escolhidos, suas obras, a leitura e a trilha sonora da edição.

Os autores

Contemplada em 2005 com o Prêmio Camões – dado aos autores quecontribuem para o enriquecimento do patrimônio literário e cultural da língua portuguesa, Lygia Fagundes Telles nasceu em 1923 e publicou seu primeiro livro de contos, “Porão e Sobrado”, aos 15 anos. Entre suas obras de grande sucesso estão “Praia Viva”, “Ciranda de Pedra” (adaptado para uma novela de TV) e “Seminário de Ratos”. “As Meninas” e “Invenção e Memória” renderam o Jabuti à autora, eleita para a Academia Brasileira de Letras em 1985.

Anton Tchekhov nasceu em 1860, em Taganrog, na Rússia. Neto de um ex-servo que comprou a liberdade e filho de pais pobres, não foi um bom aluno na escola. Antes de ser considerado um dos principais representantes do realismo, deu aulas particulares para pagar seus estudos. Escreveu textos humorísticos, estudou medicina em Moscou e publicou “Narrativas Coloridas” em 1886, seu primeiro livro de contos. Rompendo com a tradição da narrativa literária russa do século 19, fala sobre o cotidiano do povo e lança clássicos como “Palavras Inocentes” (1887) e “Histórias” (1889). Tchekhov também foi um dramaturgo de sucesso, com as importantes obras “A Gaivota” (1898), “Tio Vânia” (1899) e “As Três Irmãs” (1901). Morreu em Badenweiler, na Alemanha, vítima de tuberculose, em 1904.

EntreMundos

Depois dos projetos “Brasis: Leituras Plurais” e “XX Narrativas do Século XX”, realizados em 2009 e 2010, neste ano serão dez edições mensais de “EntreMundos – Mundo da Leitura, Leitura do Mundo”. Enquanto nas iniciativas anteriores focou-se na literatura de um determinado período ou de um espaço, a nova versão busca colocar em diálogo obras e autores através do tempo, tendo a narrativa como fio-condutor.

Nas oito edições anteriores, foram lidos trechos de Giovanni Bocaccio, Lima Barreto, Paulo Venturelli, Voltaire, David Foster Wallace, Italo Calvino, Julio Cortázar, Roberto Bolaño, Milan Kundera entre outros. Durante o ano, ainda serão visitados autores como Jean Genet e Alan Lightman.

Retratos fiéis da mulher moderna

Publicado em 19/10/11 pelo jornal Gazeta do Povo
Texto: Yuri Al'Hanati
Foto: Valdir Silva

EntreMundos faz leituras dramáticas de Arthur Schnitzler e Milan Kundera, autores com olhares sensíveis sobre a figura feminina

Márcio Mattana é um dos responsáveis pela leitura do projeto

O projeto EntreMundos – Mundo da Leitura, Leitura do Mundo tem como uma de suas principais peculiaridades a escolha de dois autores aparentemente contrastantes que, unidos pela leitura dramática que acontece no palco do Teatro da Caixa, revelam paralelos até então ocultos pela distância geográfica ou literária.

Entretanto, os autores escolhidos para a próxima edição do evento, que acontece hoje a partir das 20 horas, parecem ter mais pontos em comum do que quaisquer outros escolhidos pela curadoria do diretor musical Flávio Stein: o checo Milan Kundera e o alemão Arthur Schnitzler (1862-1931). O mais visível é que ambos tiveram obras adaptadas para o cinema. O primeiro, com o filme De Olhos Bem Fechados, dirigido por Stanley Kubrick, com Tom Cruise e Nicole Kidman nos papéis principais, a partir de sua novela Breve Romance de Sonho; o segundo, com A Insustentável Leveza do Ser, baseado no best-seller homônimo e estrelado por Daniel Day-Lewis e Juliette Binoche.

A outra semelhança será possível verificar quando as obras Crônica de uma Vida de Mulher, de Schnitzler, e Risíveis Amores, de Kundera, forem lidas no projeto EntreMundos: “A figura da mulher moderna, na obra de Schnitzler, é recorrente também na literatura de Kundera, quarenta ou cinquenta anos depois. A mulher em Kundera é emancipada e politizada, reflexo da figura retratada pelo autor alemão”, comenta Flávio Stein, que convidou para esta edição a diretora Lu­­ciana Barone e os atores Márcio Mattana e Airen Wormhoudt. Ele explica que, embora a escolha dos contos ou trechos a serem lidos seja uma prerrogativa do diretor convidado, os autores e as obras são sempre de sua escolha: “Num primeiro momento eu sempre achei que isso pudesse ser muito impositivo da minha parte, mas não tem muito outro jeito, a curadoria é isso, ela pensa o evento como um todo, e todo mundo tem recebido como um desafio prazeroso”.

Luciana, por sua vez, disse que o maior desafio de fazer a leitura de Schnitzler foi sintetizar o livro como um todo de maneira a dar o tom da sucessão de fatos que acometem a protagonista do romance: “Escolhi trechos significativos do romance e preferi usar a voz masculina para as narrativas e a voz feminina para os diálogos e os pensamentos da protagonista. Já no conto ‘Que os Velhos Mortos Cedam Lugar aos Novos Mortos’, do livro Risíveis Amores, alternei as vozes dos atores para compor o constante diálogo”.

A diretora conta também que para acompanhar a leitura de Milan Kundera, o músico Felipe Ayres, que frequentemente acompanha o projeto, optou por usar um violão, e um instrumento um pouco mais incomum – a harpa – para a leitura de Schnitzler. “A harpa pode dar uma leveza, mas dependendo de como for usada, pode dar uma intensidade incrível. Na época de Schnitzler, a harpa começou a ser usada como instrumento de orquestra e a ter essa grande importância dramática entre compositores como Stravinsky e Gustav Mahler. Ela ofereceu algo para a música assim como os autores ofereceram para a literatura esse olhar inusitado”, comenta Stein.

Mais uma edição do Projeto EntreMundos na Caixa Cultural

Publicado em 12/10/11 pelo jornal Portal CWB
Texto: Jean Tossin


A CAIXA Cultural apresenta mais uma sessão do projeto literário EntreMundos: Mundo da leitura, leitura do mundo, no dia 19 de outubro. O austríaco Arthur Schnitzler e o tcheco Milan Kundera terão suas obras lidas, acompanhadas pela harpa de Felipe Ayres, com mediação de Mariana Sanchez, direção de Luciana Barone e atuação de Marcio Mattana e Airen Wormhoudt.

Depois dos projetos “Brasis: Leituras Plurais” e “XX Narrativas do Século XX”, realizados em 2009 e 2010, neste ano serão dez edições mensais de “EntreMundos – Mundo da Leitura, Leitura do Mundo”. Enquanto nas iniciativas anteriores se focou na literatura de um determinado período, ou de um espaço geográfico, a nova versão busca colocar em diálogo obras e autores através do tempo, tendo a narrativa como fio-condutor.

Arthur Schnitzler

Do austríaco Schnitzler, será lida a obra “Crônica de Uma Vida de Mulher”. O romance conta a história da austríaca Therese Fabiani, a partir dos seus 16 anos. A menina vê sua família desmoronar depois do acesso de loucura do pai e passa a transitar por uma sociedade vienense que enfrenta perda de valores, ao mesmo tempo em que procura seu próprio caminho.

Nascido em 1862, Schnitzler é contemporâneo de Freud e estudou medicina antes de trocar a carreira médica pela de escritor. Em sua obra o escritor antecipou idéias da psicanálise de Sigmund Freud. Consagrado por dramas psicológicos, o austríaco é autor de “Breve Romance de Sonho”, texto que inspirou o filme “De Olhos Bem Fechados”, de Stanley Kubrick. Autor de muitos outros livros, entre os quais O Retorno de Casanova (1918), Senhorita Else (1924) e Breve Romance de Sonho (1926), Arthur Schnitzler morreu em Viena, em 1931.

Milan Kundera

O tcheco Milan Kundera, nascido em 1929, aparece com a obra “Risíveis Amores”. Nos sete contos, Kundera retira do amor e do sexo a seriedade que normalmente costuma recobri-los, com histórias que tentam repor alguma verdade na experiência amorosa. A mentira – ou a a arte de iludir e ser iludido – está sempre em foco, mas o engano, que se inicia como brincadeira, revela depois como o autoengano governa todos os aspectos da vida.

Kundera é também autor da célebre obra “A Insustentável Leveza do Ser”, também transposta para o cinema. Entre outros prémios, Milan Kundera recebeu, pelo conjunto da sua obra o Common Wealth Award de Literatura (1981), o Prêmio Los Angeles Times Book Prize (1984) por “A Insustentável Leveza do Ser” e o Prémio Jerusalém (1985).