Bernardo Carvalho (1960 -)

Obra Aberração
País Brasil
Direção Marcio Mattana
Música (Cordas) Claúdio Menandro
Mediação Luis Bueno


Biografia
Nascido em 1960 no Rio de Janeiro, é escritor e jornalista. Foi editor do suplemento de ensaios Folhetim e correspondente, em Paris e em Nova York, da Folha de São Paulo e colunista de crítica cultural desde 1998. Em 1989 inicia mestrado em cinema na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo - ECA/USP, concluído em 1993, ano em que estréia na literatura com o livro de contos Aberração. Dois anos depois, publica seu primeiro romance, Onze. Em 2006, participa de uma experiência teatral, escreve a peça BR-3, encenada pelo grupo Teatro da Vertigem no rio Tietê e em suas margens, em São Paulo.

Indicações bibliográficas
O Filho da Mãe. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
O Sol se põe em São Paulo. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
Nove Noites. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
O mundo fora dos eixos. São Paulo: Publifolha, 2005.
Mongólia. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
Medo de Sade. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
As Iniciais. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
Teatro. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
Os Bêbados e os Sonâmbulos. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
Onze. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
Aberração. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.


[ Tudo se embaçou agora. Logo agora que estou aqui, parado, com os braços caídos na frente destes olhares estarrecidos. E isso depois de ter acreditado estar vendo tão claro. Naquela manhã de outono, em frente a um De Kooning no Stedelijk Museum de Amsterdam, uma mulher repetia já pela terceira vez a uma menina mínima: Diga as cores do quadro ao vovô, enquanto, perto delas, sentado num sofazinho sem encosto, também de frente para o quadro, um velho com sua bengala apoiada nos joelhos, óculos escuros e um sobretudo cinza, olhava para o vazio. Um velho que, pela idade, talvez tivesse conhecido De Kooning em sua juventude e bebido com ele pelo menos uma cerveja antes de o pintor partir para Nova York. Depois de muita insistência, a menina acabou descrevendo todas as cores, o rosa, o amarelo, o lilás, o laranja, para o velho impassível e imóvel, com a cabeça ereta e os óculos involuntariamente fixados na base do quadro, e aquilo foi uma humilhação que, naquela idade, nenhum dos dois (a menina por ser ainda muito cedo, e o velho porque já era tarde demais) podia suportar ou manifestar ou retrucar. ]

[ pg. 145, trecho do conto Aberração que dá título ao livro ]

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