Voltaire (1694 - 1778)

Obra Cândido
País França
Direção Walter Lima Torres
Música (Guitarra) Gilson Fukushima
Mediação Caetano Gallindo




Biografia
François-Marie Arouet, mais conhecido pelo pseudônimo Voltaire foi um escritor, ensaísta, e filósofo iluminista francês, conhecido pela sua perspicácia e espirituosidade na defesa das liberdades civis, inclusive liberdade religiosa e livre comércio. É uma dentre muitas figuras do Iluminismo cujas obras e idéias influenciaram pensadores importantes tanto da Revolução Francesa quanto da Americana. Escritor prolífico, Voltaire produziu cerca de 70 obras em quase todas as formas literárias, assinando peças de teatro, poemas, romances, ensaios, obras científicas e históricas, mais de 20 mil cartas e mais de 2 mil livros e panfletos. Foi um defensor aberto da reforma social apesar das rígidas leis de censura e severas punições para quem as quebrasse. Um polemista satírico, ele freqüentemente usou suas obras para criticar a Igreja Católica e as instituições francesas do seu tempo. Ficou conhecido por dirigir duras críticas aos reis absolutistas e aos privilégios do clero e da nobreza. Por dizer o que pensava, foi preso duas vezes e, para escapar a uma nova prisão, refugiou-se na Inglaterra.


Indicações bibliográficas
Henriada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.
Cartas Filosóficas. Rio de Janeiro: Martins, 2007.
A Filosofia da História. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2007.
Micromegas e outros contos. São Paulo: Hedra, 2007.
A Princesa da Babilônia. São Paulo: Landy, 2006.
Conselhos a um jornalista. Rio de Janeiro: Martins, 2006.
Contos e Novelas. Rio de Janeiro: Globo, 2005.
O Ingênuo. Belo Horizonte: Itatiaia, 2004.
Candido. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2003.
Zadig ou do destino. Rio de Janeiro: Martins, 2002.
O Filósofo Ignorante. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2001.
Deus e os Homens. Rio de Janeiro: Martins, 2000.
Memórias. Rio de Janeiro: Imago, 1995.




[ Metade dos passageiros, caindo de fraqueza, mais mortos que vivos, no meio das angústias inconcebíveis que o balanço do navio produz nos nervos e em todos os humores do corpo, agitados em sentidos contrários, sequer tinha força para se inquietar com o perigo. A outra metade soltava clamores e rezava fazendo promessas. Rasgavam-se as velas, quebravam-se os mastros, abria-se o navio de meio a meio, trabalhavam todos os que podiam, mas ninguém se entendia e ninguém comandava. O anabatista – um dos que ajudavam a manobrar – estava no convés. Um marinheiro enfurecido dá-lhe brutalmente um murro, estende-o no chão. Mas o abalo da pancada desequilibra o marinheiro, que tomba para fora do navio de cabeça para baixo. Ficou dependurado, agarrando-se aflito a uma parte do mastro partido. O bom Tiago corre imediatamente a socorrê-lo, ajuda-o a subir, mas com o esforço que faz, cai ao mar e ali morre defronte ao marinheiro que nem ao menos olhou para ele. Cândido aproxima-se, vê o seu benfeitor reaparecer um momento e ser logo engolido para sempre. Quer precipitar-se ao mar e ver ainda se acode, mas o filósofo Pangloss não lhe consente, provando-lhe que o porto de Lisboa tinha sido feito expressamente para aquele anabatista nele se afogar. Enquanto estava provando isso a priori, o navio parte-se em dois e morrem todos, excetuando-se Pangloss, Cândido e o marinheiro brutal que tinha deixado morrer afogado o virtuoso anabatista. O patife nadou com a maior facilidade até a praia, onde Pangloss e Cândido também chegaram, agarrados a uma tábua. ]

[ trecho de Cândido ou o Otimismo, tradução: Jorge Silva ]

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