Mia Couto (1955 -)

Obra Cada Homem é uma raça
País Moçambique 
Direção Sílvia Monteiro
Música (Vozes) Chris Lemos e Thayana Barbosa
Mediação Patrícia Cardoso




















Biografia
Nasceu em Beira, em Moçambique, em 1955, e é um dos principais escritores africanos, comparado a Gabriel Garcia Márquez, Guimarães Rosa e Jorge Amado. Seu romance Terra Sonâmbula foi considerado um dos dez melhores livros africanos do século XX. Em 1999, o autor recebeu o prêmio Vergílio Ferreira pelo conjunto de sua obra e, em 2007 o prêmio União Latina de Literaturas Românicas.


Indicações bibliográficas

Antes de nascer o mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
O Fio das Missangas. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
Contos africanos dos países de língua portuguesa. Rio de Janeiro: Ática, 2009.
Venenos de Deus, remédios do Diabo. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
O Gato e o escuroSão Paulo: Cia das Letrinhas, 2008.
Terra Sonâmbula. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
A Varanda do Frangipani. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
O outro pé da sereia. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
O Beijo da Palavrinha. Rio de Janeiro: Língua Geral, 2006.
O ultimo vôo do flamingo. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
Cada homem é uma raça. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998.
Estórias Abensonhadas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996.

[ Ele, então, sussurrou:
- Não chora, Rosa.
Eu quase não ouvia, o coração me chegava aos ouvidos. Me aproximei, sempre por trás do escuro. Meu pai lhe falava ainda, aquela sua voz nem eu lhe havia nunca ouvido.
- Sou eu, Rosa. Não lembra?
Eu estava no meio das buganvílias, seus picos me rasgavam. Nem sentia. O assombro me espetava mais que os ramos. As mãos de meu pai se afundavam no cabelo da corcunda, pareciam gente, aquelas mãos, pareciam gente se afogando.
- Sou eu, Juca. O seu noivo, não lembra?
Aos poucos, Rosa Caramela se irrealizou. Ela nunca tanto existira, nenhuma estátua lhe merecera tantos olhos. Meigando ainda mais a voz, meu pai lhe chamou:
- Vamos, Rosa.
Sem querer eu já saíra das buganvílias. Eles me podiam ver, nem me fazia nenhum estorvo. Parecia a Lua até atiçou seu brilho quando a corcunda se ergueu.
- Vamos, Rosa. Pega suas coisas, vamos embora.
E foram-se os dois, noite adentro. ]

[ trecho do conto A Rosa Caramela de Cada Homem é uma raça ]

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