País Países Árabes
Direção Olga Nenevê
Música (Viola Caipira) Rogério Gulin
Mediação Luis Pellanda
Manuscrito árabe utilizado por Galland em sua tradução das Mil e uma noites (séc. XIV ou XV)
As Mil e Uma Noites é uma coleção de histórias e contos populares originárias do Médio Oriente e do sul da Ásia e compiladas em língua árabe a partir do século IX. No mundo ocidental, a obra passou a ser amplamente conhecida a partir de uma tradução ao francês realizada em 1704 pelo orientalista Antoine Galland, transformando-se num clássico da literatura mundial.
As histórias que compõe As Mil e uma noites têm várias origens, incluindo o folclore indiano, persa e árabe. Não existe uma versão definida da obra, uma vez que os antigos manuscritos árabes diferem no número e no conjunto de contos. O que é invariável nas distintas versões é que os contos estão organizados como uma série de histórias em cadeia narrados por Xerazade, esposa do rei Xariar. Este rei, louco por haver sido traído por sua primeira esposa, desposa uma noiva diferente todas as noites, mandando-as matar na
manhã seguinte. Xerazade consegue escapar a esse destino contando histórias maravilhosas sobre diversos temas que captam a curiosidade do rei. Ao amanhecer, Xerazade interrompe cada conto para continuá-lo na noite seguinte, o que a mantém viva ao longo de várias noites - as mil e uma do título - ao fim das quais o rei já se arrependeu de seu comportamento e desistiu de executá-la.
Indicações bibliográficas
Livro das Mil e uma Noites, V.1 Ramo Sírio
Livro das Mil e uma Noites, V.2 Ramo Sírio
Livro das Mil e uma Noites, V.3 Ramo Egípcio
Tradução: Mamede Mustafa Jarouche
Rio de Janeiro: Globo, 2005 / 2007.
Ilustração para edição das Mil e uma noites pelo pintor persa Sani ol-Molk (1849-1856)
[...] avisamos aos homens generosos e aos senhores gentis e honoráveis que a elaboração deste agradável e saboroso livro tem por meta o benefício de quem o lê: suas histórias são plenas de decoro, com significados agudos para os homens distintos; por meio delas, aprende-se a arte de bem falar e o que sucedeu aos reis desde o início dos tempos. Denominei-o de livro das mil e uma noites, que contém, igualmente, histórias excelentes [...] Este livro, enfim,também os levará ao deleite e à felicidade nos momentos de amargura provocados pelas vicissitudes da fortuna, encobertas de sedutora perversidade.
[pg. 39, trecho do Livro das mil e uma noites, vol. 1, ramo sírio, tradução: Mamede Mustafa Jarouche]
Vá, traga o turbante para cerzir e entregue-o ao meu filho”, e fechou a porta com ambos lá dentro. O rapaz agarrou a mulher, submeteu-a, nela se satisfez e foi embora. A velha disse à mulher: “Saiba que aquele é meu filho, que a amava imensamente, tanto que quase a vida lhe feneceu por sua causa, pelos anseios dele por você! Tramei então esta artimanha e provoquei isso; o turbante não pertence ao seu marido, mas sim ao meu filho. Agora, que já atingi meu objetivo, deixe-me elaborar uma artimanha contra o seu marido para a reconciliação, e assim você deverá obediência a mim e ao meu filho”. A mulher respondeu: “Sim, faça-o”. A velha foi até o rapaz e lhe disse: “Saiba que eu já arranjei o seu caso com ela. Vá até o mercador, comece a falar-lhe a respeito do turbante e, quando eu passar, levante-se e me segure para que eu providencie a reconciliação entre ele e a esposa”. O rapaz foi então para a loja do mercador, sentou-se lá dentro e lhe perguntou: “Sabe o turbante que comprei de você?”. O mercador respondeu: “Sei”. O rapaz perguntou: “Sabe o que lhe aconteceu?”. O mercador respondeu: “Não”.
[ pg. 296, trecho do Livro das mil e uma noites, vol. 3, ramo egípcio, tradução: Mamede Musatafa Jarouche ]
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