País Brasil
Direção Marcio Mattana
Música (Cordas) Claúdio Menandro
Mediação Luis Bueno
Biografia
Nasceu em Caicó/RN e há algum tempo reside em Curitiba. Cecília Não é um Cachimbo (Rio de Janeiro: 7Letras, 2005) é sua obra de estréia. Faz parte de Dedo de moça — uma antologia das escritoras suicidas (São Paulo: Terracota Editora, 2009) e acaba de publicar o livro Amanhã. Com Sorvete!(Rio de Janeiro: 7Letras, 2010), que leva o posfácio do crítico Carlos Felipe Moisés. Doutoranda em Estudos Literários (UFPR), pesquisa a obra de Osman Lins. Publica alguns de seus textos inéditos em livro no blogue Cecília Não É Um Cachimbo.
Indicações bibliográficas
Amanha. Com Sorvete! Rio de Janeiro: 7 Letras, 2010.
Cecília não é um cachimbo. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2005.
[ Nossa mãe tão forte. Contra o vento. Contra todos. Um moço levou Dasdô lá pra banda do rio. Boa Passagem. Depois do Cemitério. Fomos. A boca cheia de areia e baba. Acuada. Tanto sangue. Nossa mãe pediu. Fomos jogar pedrinhas no rio. A sua ia três vezes. E de vez em quando eu virava. E via. Nossa mãe abraçada a Dasdô. Abrindo a bolsa amarela. Limpou toda Dasdô. Trocou sua roupa. Enrolou Dasdô no lençol. Lembra? Lembro. Você me olhou séria e com raiva. Se eu ria que Dasdô tropeçava com nossa mãe. Entendi. Hemorragia. Uma palavra nova para mim. Aceito sim. Seu filho aqui. Flagrando essa teagonia. Cada dia. Seríamos tão felizes. Mas se fôssemos. Não seríamos. Somos.
O moço sumiu. Ninguém nunca mais. Tanto bem que Dasdô ainda lhe quis. Depois, passos leves. Talco Johnson & Johnson. Uma menininha pretinha. Lembra? Lembro. Do licor de maracujá naqueles copos bonitos de nossa mãe. Como corríamos da escola pra casa! Que fazia tanto sentido. Estar lá. E ver. Nossa mãe. Dasdô. A mãozinha vermelha do nosso bebê de Dasdô. Cadê? Quem levou? Dasdô nunca mais. Voltou embora pra Baixa Verde.
A cidade grande cresce e devora todos os filhos. ]
[ pg. 28, trecho do conto Dasdô de Amanhã. Com sorvete! ]
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