Heinrich von Kleist (1777 - 1811)

Obra Marquesa d'O e outras histórias
País Alemanha
Direção Flávio Stein
Música (Teclado) Marcelo Torrone
Mediação José Castello




Biografia
Nascido em uma família nobre prussiana na cidade de Frankfurt-Oder. Kleist é respeitado como um dos autores mais importantes de sua época. A sede de conhecimento e o desgosto pela subordinação logo o afastaram de uma carreira militar. Viajante indócil e discípulo problemático do iluminismo, Kleist encontrou sonhos desfeitos em cada curva da estrada. Uma fantasia de se tornar fazendeiro na Suíça, inspirada em Rousseau, empreitada que a esposa se recusou a seguir, encerrou seu curto casamento. Outra tentativa de caminhar de Königsberg até Dresden jogou-o numa cadeia napoleônica, como suspeito de espionagem. Suas peças viram pouco sucesso em vida e o grande Goethe simplesmente se recusou a compreendê-lo. A vida de Kleist encerrou-se com suicídio duplo, o lado de sua alma gêmea Henriette Vogel. Suas obras despertaram grande admiração em autores, como Kafka, Rilke e Thomas Mann.


Indicações bibliográficas
Sobre o Teatro de Marionetes. Lisboa: Antígona, 2009.
Marquesa D' O... e outras historias. Rio de Janeiro: Imago, 1992.
Anfitrião. Lisboa: Cotovia, 1992.
A Marquesa D' O... / O Terremoto No Chile. Lisboa: Antígona, 1986.
Michael Kohlhaas: O Rebelde. Lisboa: Antígona, 1984.


Carta de despedida de Kleist


[ Soaram os sinos que acompanhariam Josephe ao local de execução, e o desespero tomou conta de sua alma. A vida pareceu-lhe odiosa, e ele decidiu entregar-se à morte com uma corda que o acaso lhe havia deixado. Mas, como já foi dito, ele estava encostado numa coluna e amarrava a corda que deveria arrancá-lo daquela vida lamentável, num gancho de aço ali fixado, quando de repente a maior parte da cidade afundou, com um ruído como se o firmamento tivesse desmoronado, e enterrou em seus escombros tudo o que era vida. Jeronimo Rugera, teso de susto, e como se toda a sua consciência tivesse sido esmagada, agarrou-se então à coluna onde queria morrer, para não cair. O chão balançava sob seus pés, racharam todas as paredes da prisão, todo o edifício inclinou-se, querendo desmoronar para a rua, e só a queda lenta do edifício em frente impediu, com a formação de uma abóbada, o total desmoronamento do mesmo. ]

[ pg. 182, trecho da novela O terremoto do Chile, tradução: Cláudia Cavalcanti ]

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