País Espanha
Direção Marcelo Munhoz
Música (Alaúdes) Silvana Scarinci e Roger Burmester
Mediação Isabel Jasinski
Biografia
Romancista, dramaturgo e poeta espanhol, criador de Dom Quixote, a figura mais famosa da literatura espanhola. Embora a reputação de Cervantes se apóie quase que totalmente nas aventuras do cavaleiro das ilusões, sua produção literária foi considerável. Miguel de Cervantes Saavedra nasceu em Alcalá de Henares, uma cidade perto de Madri, em uma família da baixa nobreza. Seu pai era médico e passou a maior parte de sua infância se mudando de uma cidade a outra procurava de emprego. Após estudar em Madri (1568-1569), foi para Roma a serviço de Guilio Acquavita. Em 1570 se tornou soldado, participando na batalha de Lepanto. Em 1575, foi capturado pelos turcos e levado para Algers como escravo. Cervantes foi libertado em 1580. Em 1584 se casou com a jovem Catalina de Salazar y Palacios. Durante os 20 anos seguintes levou uma vida nômade. Foi a falência e preso pelo menos duas vezes. Entre os anos de 1596 e 1600 viveu primeiramente em Sevilha. Em 1606 se estabeleceu em Madri, onde permaneceu até o resto de sua vida. Além do romance Dom Quixote, escrito em duas partes, escreveu Calatea, Viagem ao Parnaso e Os trabalhos de Persiles e Segismunda. Morreu em 23 de abril de 1616.
Indicações bibliográficas
A Espanhola Inglesa. Rio de Janeiro: Rocco, 2010.
Três Novelas Exemplares. Curitiba: Arte & Letra, 2010.
Quatro Novelas Exemplares. Curitiba: Arte & Letra, 2009.
Novelas Exemplares. Rio de Janeiro: Ediouro, 2007.
O Engenhoso Cavaleiro Dom Quixote De La Mancha, V.2. São Paulo: Editora 34, 2007.
A Novela do Curioso Impertinente. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2005.
O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote De La Mancha, V.1. São Paulo: Editora 34, 2002.
[ Toma tento, filha minha, que estás em Salamanca, que é chamada em todo o mundo mãe das ciências, e que de ordinário estudam e habitam nela dez ou doze mil estudantes, gente moça, caprichosa, arrojada, livre, afeiçoada, gastadora, discreta, diabólica e de humor. Isto no geral; mas no particular, como todos na maior parte são forasteiros e de diferentes partes e províncias, nem todos têm as mesmas condições; porque os biscainhos, embora poucos, são gente curta de razão, mas se se agradam de uma mulher, são largos de bolsa. Os manchegos são gente valentona, dos de "cristo me leve", e levam eles o amor aos tapas. Há também aqui uma massa de aragoneses, valencianos e catalãos: são gente polida, olorosa, bem criada e melhor enfeitada; mas não lhes peças mais, e se mais queres saber, sabe, filha, que não são de brincadeiras, porque, quando se aborrecem com uma mulher, são algo cruéis e de fígados nada bons. Aos castelhanos novos considera nobres de pensamento, e que se têm, dão, e pelo menos, se não dão, não pedem. Os estremenhos têm de tudo, como os boticários, e são como a alquimia, que se chega a prata, prata é, e se a cobre, cobre fica. Para os andaluzes, filha, há necessidade de ter quinze sentidos, não cinco; porque são agudos e perspicazes de engenho, astutos, sagazes e nem um pouco miseráveis. Os galegos não se coloca em julgamento, porque não são alguém. Os asturianos são bons para o sábado, porque sempre trazem para casa sebo e sujeira. Pois já os portugueses, não é fácil descrever suas condições e propriedades; porque, como são gente enxuta de cérebro, cada louco com sua mania, mas a de quase todos é fazer de conta que o amor em pessoa vive neles, envolto em miséria. Observa, pois, Esperança, com que variedades de gentes hás de tratar, e se for necessário, tendo de te engolfares num mar de tantos baixios, deixa que eu te mostre e assinale um norte pelo qual te guies e vejas, para que não se dê mal o navio de nossa intenção e pretensão, e para que não joguemos à água a mercadoria de minha nave, que é teu gentil e galhardo corpo, tão dotado de graça, donaire e encanto para quantos o desejam. ]
[ trecho da novela A falsa tia das Novelas Exemplares, tradução: Eglê Malheiros ]
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